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Leia a resenha de um livro muito interessante!

Page history last edited by PBworks 17 years, 6 months ago



O Diabo dos números

IDENTIFICAÇÃO DA OBRA;

 

ENZENSBERGER, Hans Magnus. O diabo dos Números. Tradução Sérgio Tellaroli. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

 

CONTÉUDO DA OBRA:

Robert, é um menino que como tantos, tem problemas com a disciplina de Matemática na escola. Não gosta dos números, não gosta do seu professor de Matemática, não acredita haver significado neste estudo, não vê relação com a utilidade ou mesmo com a sua realidade. Sua relação com tal disciplina é tão conturbada, que o menino costuma ter pesadelos de vários tipos, onde é devorado por peixes gigantes, escorrega infinitamente sem conseguir segurar-se..., enfim, todos os sonhos que Robert tinha, eram com situações que ele nunca dominava, criaturas muito mais fortes do que ele ou com coisas que por maior que fosse seu esforço, nunca conseguia alcançar.

Uma noite, durante um dos pesadelos ele passa a sonhar seqüencialmente com um diabo, chamado Teplotaxl – O Diabo dos Números, que noite após noite vai conquistando o garoto Robert, ensinando Matemática e discretamente, faz com que o mesmo passe a gostar desta disciplina, resolvendo seus problemas com a mesma.

A Matemática é percebida pelo menino Robert como sendo o mal a ser evitado, saliente na constante repulsa que o garoto demonstra pela mesma. Nota-se também, que em várias ocasiões, Robert vê a disciplina de Matemática como algo muito maior do que sua capacidade, algo de fato intransponível, pelo qual não adianta lutar, sobrando apenas, neste caso resignar-se com tal realidade e refugiar-se em seu próprio medo.

Noite após noite, o diabo dos números aparece nos sonhos de Robert e divertidamente vai dando “dicas” matemáticas ao menino, passando suavemente por vários conteúdos matemáticos. Todas as atividades matemáticas que o diabo dos números propõe à Robert, inicialmente são pontos para crítica por parte do garoto, que diz ser difícil, uma armadilha, algo que começa fácil mas piora com o tempo. Esta é de fato, a visão que o garoto tinha sobre Matemática no início do livro, antes de se aventurar na companhia do diabo dos números.

O professor de Matemática de Robert é o Senhor Bockel. Ele também é motivo de preocupação para o garoto, pois igualmente ao diabo Teplotaxl representa todo o pavor que o mesmo tem pela Matemática. O professor Bockel é visto sob dois aspectos: primeiramente o menino expõe o professor sob sua ótica, ou seja, bastante ruim, mas num segundo momento, o diabo Teplotaxl dá uma nova visão ao papel do nobre professor, explicando alguns comportamentos do mesmo, em função de sua realidade docente, de uma forma bastante condescendente.

Toda a história de convivência do diabo dos números e do menino Robert em seus sonhos, ocorre de forma suave, assim como o caminhar pelos conteúdos matemáticos. As “aulas de matemática” acontecem de forma tão sutil e natural, utilizando elementos do imaginário do garoto, que ao se findar a leitura, percebe-se o percurso em uma viagem histórica no adorável mundo da Matemática. Não é pouco comum que o convidado desta leitura, assim como o garoto Robert se maravilhe com descobertas já anteriormente “descobertas”, porém inconscientes.

A história de Robert, ou melhor do livro – O Diabo dos Números -adapta-se com facilidade ao universo de cada indivíduo que a lê. Cada pessoa possui seus próprios medos, fundamentados ou não, que quando não devidamente resolvidos e enfrentados, transformam-se em pavor atravancando o desenvolver das atividades da vida. Em termos de vida escolar, o diabo Teplotaxl pode personificar qualquer disciplina, ou mesmo, várias disciplinas, ou até mesmo situações peculiares particulares de cada indivíduo, enquanto que Robert, o menino assustado, pode representar sem muito esforço, em termos de vida escolar qualquer aluno e sob uma ótica maior, qualquer um de nós, indivíduos adultos ou não que também sentem algum ou vários tipos de medo.

 

COMENTÁRIO CRÍTICO:

 

Matemática, segundo o Minidicionário da Língua Portuguesa é:

“Ciência das grandezas e formas no que elas tem de calculável e mensurável, isto é, que determina as grandezas umas pelas outras segundo as relações existentes entre elas.(BUENO,2000, pag 500)”

Pela definição dada à Matemática, percebe-se que esta ciência trabalha com as questões exatas, porém intrínsecas ao universo em que se desenvolve, intimamente relacionada ao cotidiana e sua aplicabilidade.

O livro de Enzensberger, O Diabo dos Números, entre seus méritos, tem um grande destaque: trabalhar com o sentimento de medo, que em geral as pessoas costumam desenvolver pela disciplina de Matemática. Para tal, o autor utiliza personagens na história que representam estereótipos significativos.

Robert, o garoto assustado que tem constantes pesadelos e prováveis problemas com a Matemática na escola, representa qualquer aluno que sofre com os mesmos problemas ou até mesmo outros problemas. Seus sonhos são significativos e representativos até o momento em que se revelam e culminam com o aparecimento de Teplotaxl, o diabo dos números, personificando o medo revelado neste momento pela Matemática.

É possível, sob um análise superficial é claro, relacionar todos os sonhos que Robert tinha, com o seu pavor pela Matemática. Todas as situações sonhadas demonstram uma percepção de “falta de saída”, ou seja, algo pelo qual é necessário passar, porém é praticamente impossível superar, que no caso dos sonhos de Robert aparecem em forma de abismos ou animais gigantes, ou frio intenso que congela, ou calor no deserto e sede constante sem água, ou seja, o menino não consegue superar sozinho os obstáculos de seus sonhos, sendo necessária a ajuda do diabo dos números ou em último caso o despertar.

Esta postura do garoto e a forma com que se refere a Matemática e posteriormente ao diabo dos números, demonstra um quadro de baixa auto-estima, que acarreta um ciclo vicioso capaz de afetar a outros setores da vida desta criança, iniciado no pavor pela Matemática e tomando aos poucos outras formas.

Não é citado no livro, até porque o centro das atenções é o menino Robert e sua história, tentativas por parte do professor em ensinar matemática de uma forma diferente, semelhante talvez aos métodos utilizados pelo diabo dos números. É interessante observar em uma certa parte do livro, quando o garoto fala mal de seu professor e o diabo dos números de certa forma “defende” o Senhor Bockel, situando o professor na realidade docente do mesmo, citando seus compromissos com diários de classe, programa de disciplina, turmas, turnos...A forma de demonstrar e não apenas de ensinar os conteúdos que vão se apresentando ao garoto Robert em cada sonho, são um destaque deste livro. A linguagem não formal utilizada pelo diabo dos números, embora não correta pela norma, como é citado no aviso final do livro, é justamente o diferencial desta obra. Isto demonstra que a aprendizagem não é única, é multilateral, ocorrendo de formas diferentes e por vezes imprevistas. Igualmente feliz, são as ilustrações tanto de demonstrações matemáticas quanto de cenários e personagens.

Deixando um pouco de lado os conhecimentos matemáticos que são perfeitamente demonstrados durante o desenrolar da história, é importante destacar o aspecto humano desta obra, e a forma delicada com que aborda uma questão tão comum entre nossos alunos e que por ser tão trivial acaba por passar desapercebido. O medo, o pavor, a baixa auto-estima, a desistência, são temas que estão nas entrelinhas da história, no comportamento do assustado garoto Robert.

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